Existe um grande conflito no relacionamento, família, idoso e sociedade, principalmente quando esses idosos são “independentes” e querem ser reconhecidos como “tal”, as famílias ficam perdidas nesses relacionamentos, a sociedade por sua vez não está preparada para esse público.

Não é porque o idoso está acamado, ou por algum motivo não anda, e está dependente fisicamente, nem por isso vamos deixar de ouvi-lo, precisamos prestar atenção e não limita-lo a sua cama hospitalar ou a sua cadeira de rodas, ou até mesmo sua doença.

Precisamos enxerga-lo como pessoa e não “somente como velho”, se mudarmos nosso olhar e nossa atitude, podemos acreditar que trilharemos um novo caminho, o futuro poderá ser diferente.

Nós, como sociedade ainda não estamos preparados para lidar com os idosos, respeitando-os, entendendo-os como seres de várias necessidades, e toda a devida importância na sociedade.

Pois por muito tempo fomos educados que “estar velho” é sinônimo de doença e morte, no “idoso antigo” as velhinhas bordavam, eles jogavam dominós e dormiam sentado, tudo isso mudou, se repararmos as fotos dos idosos de hoje são eles na academia, bailes, passeios com os amigos, a realidade hoje é outra.

Temos que nos adaptarmos a essa nova realidade e desmistificar nossa relação com os idosos, eles estão ativos, consomem, praticam exercícios físicos, cuidam de da saúde, então, precisamos enxerga-los e vê-los como um ser que tem sim muitas vezes suas limitações, mas que ainda necessitam de sua autonomia, devemos respeitar suas histórias, precisam ser inseridos e reconhecidos na sociedade e principalmente pelos seus familiares.

“A Família deve assumir a sua importância perante o idoso, compreendendo—o, apoiando-o e protegendo-o, pois, o seu comportamento consciente é fundamental na conquista de seus melhores resultados. A Sociedade deve estar preparada para modificar o seu comportamento com relação ao idoso demonstrando o seu respeito, valorizando-o, e criando soluções objetivas para os seus problemas. “

Muitas vezes os conflitos surgem por nossa vida acelerada e o tempo nos consumindo, hoje temos tantas atividades para fazer, que as vezes nos perdemos, e então precisamos estarmos atentos.

”Me lembro de uma situação que vivi com minha mãe, me comprometi em leva–la para fazer compras, e no decorrer do “passeio” sentia-me irritada o tempo todo e ela também, comecei a me questionar o porquê da irritação, percebi que a culpa era minha, pois apesar de estar acompanhando ela, eu não estava ali, ficava apressando, sem paciência, queria ir embora, então não deixava que ela fizesse as coisas no tempo necessário – no tempo dela, mudei o meu comportamento e os momentos que estávamos juntas passaram a ser tranquilos, aproveitávamos a cada minuto.”

Pequenos ajustes muitas vezes faz toda a diferença na vida deles e na nossa também.

Às vezes queremos molda-los, para que se encaixem no que achamos certo para nós, esquecemos de dialogar, de tentar entende-lo, negociar é importante.

Cada família tem sua dinâmica, dentro desse contexto planejar juntamente com seus familiares, como tratar seu “idoso” para que possam garantir qualidade de vida para todos, precisamos muitas vezes olhar para o passado, olhar para nós mesmos e assim entendermos nosso pais, avós.

O diálogo sempre será o melhor caminho, o planejamento para atenção e cuidado, as distribuições de tarefas entre os familiares e cuidadores seja cuidador familiar ou profissional contratado, inserir os idosos nas tarefas deixando-os sentirem-se responsáveis, inserindo-os, fazendo com que eles se sintam importantes.

Podemos mudar nossa dinâmica e aprender, ouvindo outras histórias buscando apoio.

Cada família tem sua cultura seu modo de enxergar a vida, vamos caminhando, lembrando que um dia nós seremos “ os velhos” estamos ainda aprendendo, mas precisamos também ensinar essa nova geração, para que no futuro o relacionamento idoso, família e sociedade possa ser diferente e com um tratamento mais digno.

”A família é um sistema de unidade de valores culturais, em que se presumem relações pessoais e troca de afeição, conformando um ideal que todos almejam, como um porto seguro para as experiências de vida de seus membros”

Ester Martins

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